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Ilhéus, terra do Cacau


Marcada no imaginário popular por lendas que retratam o passado de extravagâncias dos ricos coronéis, imortalizados pela literatura de Jorge Amado, a cidade de Ilhéus ainda reflete a cultura que moldou a identidade da região: o cacau.

As telenovelas Renascer e Gabriela, da Rede Globo, mostraram com destaque a cultura do cacau no sul da Bahia, mas ainda existem muitas pessoas que não conhecem este fruto que gerou tanta riqueza para essa região do Brasil.

O cacaueiro é uma espécie nativa das florestas tropicais do continente americano e suas origens são carregadas de mitologia. Para os astecas, tratava-se de uma árvore sagrada, presente divino enviado à civilização que se desenvolveu no México. Já naquela época o cacau se destinava à produção de uma espécie rústica de chocolate – alimento que impressionou os colonizadores espanhóis pelo seu alto teor energético. Guerreiros astecas atravessavam dias sustentando seus corpos apenas com as amêndoas daquele fruto. Por esse motivo, ele foi batizado cientificamente com o nome theobroma cacao, quer dizer, manjar dos deuses.

No Brasil, o berço do cacau foi a região amazônica por conta das altas temperaturas e das chuvas abundantes, ideais para o crescimento da planta. Mas, em meados do século 18, a introdução das primeiras sementes no sul da Bahia, oriundas do Pará, escreveu um novo capítulo na história dessa cultura. Até os anos 70 o cacau foi o principal gerador de divisas do estado, responsável por quase 60% de toda a sua arrecadação.

São vários os motivos que explicam seu florescimento na "Terra de Jorge Amado". Em primeiro lugar, o clima quente e úmido, bastante similar ao do seu habitat natural, facilitou o processo de adaptação do cacaueiro, que também precisa da sombra oferecida por árvores de maior estatura para sobreviver - não por acaso que dizem que "o cacau é igual ao baiano: gosta de sombra e água fresca". Mas, brincadeiras a parte, outro fator determinante para que a agricultura do cacau se estabelecesse é que os engenhos de açúcar não vingaram nesta parte do estado e, por essa razão, a selva nativa ficou praticamente intocada, à espera dos desbravadores que, anos depois, derrubaríam a vegetação mais fina para plantar os pés de cacau, resguardados pela proteção da Mata Atlântica.

A Bahia produz atualmente cerca de 95% do cacau do Brasil (país cuja produção corresponde a mais ou menos 5% da mundial, sendo a Costa do Marfim o maior produtor do planeta, com aproximadamente 40% do total).

História do Cacau em Ilhéus

Início plantação de cacau

Em 1754 o governo português acabou com o sistema de capitanias hereditárias e as terras brasileiras voltaram para as mãos do governo. Foi nessa época que iniciaram o plantio do cacau. As primeiras sementes foram trazidas do Pará, pois o cacau é planta nativa da região amazônica e plantada na fazenda Cubículo, às margens do rio Pardo, hoje município de Canavieiras. Naquela época não se tinha conhecimento da importância do chocolate na alimentação e só pensava-se em cultivar a cana-de-açúcar, que era o que rendia muito.

Foi somente nas primeiras décadas do século seguinte que os alemães chegados à região começaram o plantio do cacau como cultura rentável. Até 1890 foram os estrangeiros que plantaram cacau e a partir desta data é que houve uma verdadeira corrida para a ocupação das terras.

Ilhéus fica situada em local privilegiado: recortada por muita água, o centro da cidade fica localizado numa ilha artificial formada pelos rios Almada, Cachoeira e Itacanoeira (ou Fundão) e ainda pelos canais Jacaré e Itaípe. Este canal foi construído para facilitar a passagem das canoas que traziam cacau da região do rio Almada para o embarque no porto. Compondo a área de preservação ambiental da bacia hidrográfica deste rio, a Lagoa Encantada.

A partir de 1860, o cacau se converteu em objeto de desejo de fábricas de chocolate da Europa e dos Estados Unidos e praticamente toda a safra era exportada, pois não existia o costume de se consumir o fruto e seus derivados no país. As primeiras manufaturas nacionais só apareceram na virada do século. É justamente nesse momento que a cacauicultura viveu seu ápice.

O Brasil ocupou o posto de maior produtor mundial até meados da década de 1920. No mesmo período, a região sul da Bahia assistiu a uma verdadeira guerra entre os fazendeiros - época em que os poderosos coronéis, descendentes daqueles primeiros humildes desbravadores, não mediam esforços e nem violência para expandir seus negócios mediante a apropriação de plantações pertencentes a agricultores menos abastados.

Em 28 de junho de 1881 Ilhéus foi elevada à categoria de cidade, numa ação referendada pelo Marquês de Paranaguá e em 1913 a cidade foi transformada em bispado. Neste período o governo brasileiro doava terras a quem quisesse plantar cacau, aí vieram pessoas fugidas da seca do nordeste, do próprio estado e de todo lugar. Em dez anos a população cresceu de uma forma explosiva, plantava-se cacau em abundância, vieram pessoas buscando o eldorado e a região mudou seu aspecto. Foi quando começaram a construir belos edifícios públicos, como o Palácio do Paranaguá, que abriga até hoje a Prefeitura e a sede da Associação Comercial de Ilhéus; belas casas, como a do "coronel" Misael Tavares e a da família Berbert, uma cópia do Palácio do Catete no Rio de Janeiro e muitos outros belos prédios.

Na década de vinte do século passado, Ilhéus fervilhava de pessoas, de dinheiro, de luxo e riqueza. Foi construído o prédio do Ilhéus Hotel, o primeiro com elevador no interior do Nordeste e o Teatro Municipal, que é considerado um dos mais bem aparelhados do interior do Nordeste e fora das capitais. Ilhéus sempre primou pelo bom gosto e pelo requinte, sempre teve muita ligação com a Capital Federal, o Rio de Janeiro (enquanto capital do país) e também com a Europa.

Porto de Ilhéus - 1924 A exportação de cacau era um problema, pois era feita pelo porto de Salvador. Havia muita dificuldade no embarque e perda de qualidade e de peso. Em 1924, os cacauicultores iniciaram a construção do porto de Ilhéus com recursos próprios, e a exportação do cacau começou a ser feita diretamente na cidade, trazendo com isso a presença de estrangeiros e um intercâmbio cultural com países da Europa. Nesta época vinham dançarinas, mágicos, e também aventureiros para divertir as pessoas que possuíam dinheiro. Havia cabarés, clubes noturnos, cassinos. A cidade era movimentada e é esta época narrada por Jorge Amado em seus romances. Uma época de muito dinheiro e de muito luxo.

O grande fluxo financeiro originado pela produção e exportação de cacau deu origem a peculiaridades no desenvolvimento da Região da Costa do Cacau, região geoestratégica da Bahia. O desenvolvimento da produção e a busca por melhor qualidade nesta commodity, levaram as lideranças regionais e os produtores a criar a CEPLAC, Comissão Executiva de Desenvolvimento e Preservação da Lavoura Cacaueira. Hoje um órgão do Ministério da Agricultura, com importante centro de pesquisa, o CEPEC.

A demanda regional por educação superior, buscada nas década de 1940 e 1950 em Salvador, principalmente pelos filhos de coronéis do cacau, gerou o anseio pela implantação de faculdades e instituições de ensino superior na região. A UESC, Universidade Estadual de Santa Cruz, é fruto desta demanda e hoje torna-se referência nordestina em formação profissional de nível superior, firmando-se como importante instituição de produção científica no nordeste, sendo a segunda da Bahia, somente superada pela UFBA.

A partir de meados da década de oitenta, a monocultura cacaueira sofreu um rude golpe na sua característica principal que era a de gerar muita riqueza. A seca constante provocada pelo fenômeno El Niño, os baixos preços internacionais e por último a praga denominada vassoura-de-bruxa, fizeram da cacauicultura uma atividade menos rentável.

Se para uns isto representou tristeza e angústia, para a região permitiu que se pensasse em outras atividades rentáveis. Foi então que Ilhéus renasceu, desta vez para o turismo. A cidade tem infraestrutura que permite que se desenvolva esta atividade, pois apresenta extenso litoral, diversidade de flora e um legado histórico datado da época de sua fundação, 1534, considerado um dos pioneiros na atividade turística do interior da Bahia.

Fazendas de Cacau

As fazendas de cacau de Ilhéus e região oferecem visitas guiadas que apresentam todo o ciclo do fruto, desde sua plantação até os processos realizados após a colheita - fundamentais para a produção dos chocolates. Os tours costumam incluir degustações.

As fazendas mais procuradas são Yrerê e Primavera. Esta última foi cenário da novela Renascer e oferece ainda trilhas para caminhadas ecológicas, passeios de charrete ou a cavalo e visita a um pequeno museu que reúne objetos utilizados pelos artistas da novela e relíquias centenárias.

Contatos:

  • Fazenda Primavera - (73) 3613-7817

  • Fazenda Yrerê - (73) 3656-5054

Obs: Para visitar as propriedades é necessário agendamento prévio

Como chegar:

Acesso pela BR 415 (Ilhéus-Itabuna). A Fazenda Yrerê fica no Km 11 e a Fazenda Primavera, no Km 20.

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Conheça mais da história e evolução do cacau aqui!

Fontes: Ceplac, Repórter Brasil, Wikipedia e Férias Brasil


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